sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A violência urbana e a exclusão dos jovens




A temática da violência e juventude tem ganhado notoriedade nos últimos anos por diversas áreas acadêmicas. A vida na cidade tem instigado diversos estudiosos a compreender os sintomas e seqüelas que a urbanização tem provocado na estrutura das relações sociais e na estrutura da personalidade dos indivíduos. Evidentemente, o efeito se torna mais visível nas camadas subalternas, onde esses indivíduos obrigatoriamente estão enraizados ao local, não tendo a possibilidade de se libertarem das condições em que se encontram. Além disso, os direitos básicos dessas camadas mais pobres e sua defesa por parte do Estado vêm se deteriorando no avanço para uma sociedade pós-moderna e, assim, essas camadas aceitam sem dificuldade as representações que lhes são impostas. A situação piora ainda mais, quando essas representações são utilizadas pela própria camada subalterna para se auto-representarem.

Procurando compreender o fenômeno da violência urbana e da exclusão dos jovens dentro das cidades, precisamos partir de três aspectos que, ao meu ver, não são valorizados nos estudos sobre representação da violência: a vida urbana como elemento de exclusão; a violência contra jovens e sua impunidade e; por fim, a mídia como propagadora de preconceitos e estigmas contra as classes mais pobres.

Durante séculos o Brasil foi um país predominantemente rural. Entretanto, as décadas de 40 e 50 representaram uma retardada onda de industrialização, principalmente na região sudoeste do país. Antes, quando regia a sociedade rural, crianças e adolescentes trabalhavam arduamente nas plantações e colheitas, sem direito algum. Com a transferência da vida no campo para a cidade, alguns direitos foram promulgados. No entanto, a prática mostrou uma realidade totalmente discrepante com aquilo que se acreditava que seria materializado. Nas metrópoles, as crianças e adolescentes desenvolvem seus trabalhos no mercado informal, assim como no campo, sem direitos trabalhistas algum. Para ajudar suas famílias, são obrigados a trabalharem em workhouses, casas de trabalho forçado.

Apesar de o Brasil possuir um dos melhores “Estatuto da Criança e do Adolescente”, não determinou que um dos direitos básico para a propagação da cidadania, a educação, deixasse de ser excluída permanentemente daqueles que se viam na obrigatoriedade de trabalharem em auxílio de sua família. A exclusão escolar é apenas o início daquilo que extremará as diferenças de uma mesma experiência compartilhas por todos.

A segregação sócio-espacial dos bairros é um dos sintomas dessa polarização da sociedade, como os guetos nos Estados Unidos ou os condomínios fechados no Brasil. Dessa forma, para entender melhor o crescimento urbano, os indivíduos se utilizam de mecanismos focais que auxiliem na investigação e percepção dos fatos, sendo esses instrumentos a televisão, o rádio e o jornal.

Porém, esses meios de comunicação se alimentando de Kierkegaard, definem seus públicos como incapacitados cognitivamente de compreender a realidade por trás dos “fatos” direcionados pelas Mass Media. Portanto, a autora questiona de como a psicologia social deve dirigir sua investigação se esses mesmos indivíduos não possuem um perfil psicossocial definido.

A mídia transforma a massa em multidão, diferentemente daquela retratada pela literatura de Poe e Baudelaire, em que permitia a sensação de liberdade. A multidão criada pela mídia esconde o jogo, facilitando o desenvolvimento de uma falsa liberdade e acobertando a perigosa potencialidade de transformar-se em massa anômica. Dessa forma, permitirá que se ocultem atividades criminosas na crença de uma forma de liberdade individual que não existe, apenas um sociedade a caminho da anomia.

Dentre outras coisas, a multidão é aquela que sobrecarrega as cidades com indivíduos e com as riquezas produzidas nelas. Assim, cria-se a dualidade “ricos” e “pobres” na cidade. Os subalternos precisam de outros espaços para se buscar as condições necessárias para sobrevivência, como trabalho. Dessa forma, os lugares públicos são vistos como riscos por aqueles da camada social superior, pois precisa vigiar sempre o outro em sua direção, tanto a mendicância quanto o vigia do carro. Além disso, a cidade começa a dividir os espaços não públicos em relação à renda e ao status adquirido, especializando-os.

A divisão sócio-espacial estigmatiza o pobre de forma cruel e humilhante, como cidadãos de segunda categoria. Quando a cidade se amplia de forma extraordinária, a “contaminação” trazida pela pobreza não pode ser ocultada e nem despercebida. Contra a vontade da cidade rica, os problemas são vistos por todos os lugares, rostos e diversidade. Nesse sentido, pode-se notar que os problemas dos mais pobres se agravam ainda mais quando se relaciona a questão do desejo, tanto do bem material quanto do poder.

Assim, nas cidades, quando as massas se misturam, não parecem ter racionalidade em seus objetivos. Pois não existe a compreensão dos indivíduos que o circundam e, desse modo, nota-se imagens sobrecarregadas de desconfiança, medo e preconceito. A multidão não permite a identificação entre os indivíduos, pois requer espaço reduzido e tempo. Igualmente, constrói-se tensão, oposição e conflito na vida social da cidade, podendo culminar na violência.

Conclui-se que são os jovens os mais propícios a sofrerem com danos dentro dessas relações, já que estão na “idade de maior inquietação e demanda por experiências novas e diferentes”. Ainda, as estatísticas apresentam que são os jovens pobres os mais afetados com essa questão, pois os crimes praticados contra eles não são apurados de forma prioritária e importante.

Nesse ponto, trabalhando a perspectiva da mídia, Gans diz ser uma batalha contra os pobres e não contra a violência, pelo fato de serem tendenciosos na hora de apurar os fatos e descreverem os crimes, generalizando os moradores de locais pobres como perturbadores da ordem pública e responsáveis pela crescente violência que a cidade rica tem que enfrentar. A mídia, sendo o microscópio dos problemas sociais, estabelece uma barreira ainda maior entre os “ricos” e “pobres”, construindo imagens e percepções universais e preconceituosas das camadas subalternas. Quando ocorrem crimes, apresentadores tomam a posição de investigadores e juízes de forma espúria, condenando o investigado de forma pública e esculachaste.

Por fim, concluo com a ideia de que ao marginalizar uma camada da sociedade, estamos estigmatizando de forma geral uma parcela social e aprovando a outra parcela social, a dos ricos. Portanto, cabe aos órgãos legítimos de investigação e punição apurar os fatos criminosos, independente do local de acontecimento, de forma correta e democrática. De forma contrária, simplesmente estaremos sacramentando a permanência dessa abominável exclusão.

By: Guilherme Borges

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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Resumo: A “Objetividade” do conhecimento na Ciência Social e na Ciência Política

WEBER, Max. A “Objetividade” do conhecimento na Ciência Social e na Ciência Política. In: Metodologia das ciências sociais. Parte I. São Paulo: Cortez, 1992, p. 107-154.

Weber parte da discussão, ao analisar a redação da Revista Arquivo, de como uma revista científica deve deixar explicito as tendências que vêm a seguir. Assim, segundo Weber, a Arquivo defende a idéia de ser uma revista exclusivamente cientifica, porém, isso acarretaria uma conseqüência de questionamentos. Esses perpassam sobre a validade dos Juízos de valor que alguém ou algum autor pode tomar como legitimo ao relacionar com os projetos práticos e, também, até que ponto as discussões travadas ficam no plano das reflexões científicas. Diante disso, Weber irá ramificar sua análise em duas vertentes. A primeira será o ponto de vista do pensador sobre essa discussão e, a segunda, diz respeito às verdades objetivamente validas nas ciências que se ocupam da vida “cultural”.

Nesse sentido, ao defender seu posicionamento, Weber rejeitará a ideia de que a ciência empírica pode proporcionar normas e ideais obrigatórios, das quais possam ser transposta em formas para a prática. Ou seja, os Juízos de valor – o que deve ser – não devem ser extraídos das analises cientificas, isso, deve-se ao fato de que são originárias da subjetividade do pesquisador. Com isso, questiona-se o significado e a proposta crítica científica dos ideais e dos Juízos de valor.

Todas as afinidades que envolvem a ação humana dentro da ciência relacionam-se com as categorias de “fim” e “meio”. Assim, deve-se pensar se os meios científicos utilizados serão apropriados para atingir a finalidade. Pode-se durante o trajeto, ponderar acerca do objetivo e, ainda, comprovar e constatar as conseqüências dos meios empregados. Destarte, os atores poderão prever os “custos” dos meios para atingir o fim pretendido e, para Weber, este é um dos pontos principais, pois, já não cabe à ciência o papel ponderador dos recursos a serem aplicados. A ciência auxilia na conscientização da ação – escolha de determinados valores e rejeite de outros –, porém, inabilitada de tomar decisão, cujo caráter é completamente pessoal.

Assim sendo, Weber apresentará o significado daquilo que é o “objeto” da pretensão. Porém, não se deve contar apenas com a compreensão dos fins pretendidos e, também, com os ideais que estão em seu fundamento para uma abordagem científica acerca dos juízos de valor. Portanto, será preciso avaliá-los criticamente. Consiste esta, numa crítica dialética que, de um lado, é proporcionada numa avaliação lógico-formal do material que se apresenta nos juízos de valor e nas idéias historicamente dadas e, doutro lado, num exame dos ideais. Daí que serão atingidos os critérios últimos que, constituem de maneira inconsciente, se manifestam nos juízos de valor concretos, voltando à idéia da subjetividade.

Uma ciência empírica não pode ensinar a ninguém o que deve fazer, somente lhe é dado o que quer fazer. O problema ocorre na relação entre as idéias pessoais e a argumentação científica, pois, os elementos mais íntimos da “personalidade” dos humanos, ou seja, os critérios últimos e os sumos juízos de valor, “que determinam a nossa ação e confere sentido e significado à nossa vida, são percebidos por nós como sendo objetivamente validos”.

Ao dizer sobre as necessidades de princípios sobre problemas práticos na ciência social, isto é, a referência a juízos de valor que se introduzem de maneira não reflexiva, Weber se diz contra qualquer ciência empírica que procura determinar um dominador comum prático para os problemas na forma de idéias últimas e universalmente validas, pois não teria sentido e, também, seria impossível. Assim sendo, a Revista Arquivo procurou segundo Weber, obter efetivamente normas práticas de validade científica, para que exista a competência de diferenciar entre conhecer e julgar tanto do dever científico de ver a verdade dos fatos, como do dever prático de aderir aos próprios ideais.

Diante dessa situação, o sociólogo alemão defende que uma revista de ciências sociais que se diz puramente científica deve ter por excelência a busca da verdade de modo que, independente da localidade do leitor, seja reconhecido a validade de certo ordenamento conceitual da realidade empírica. Também, já que não se devem proibir os colaboradores ou editores de expressarem seus ideais, inclusive os seus juízos de valo. Daí nasce a necessidade dos autores e leitores terem conhecimento dos meios utilizados para obter a realidade e, também, diagnosticar os juízos de valor.

Logo, Weber distinguirá o tratamento das leis, isto é, do ordenamento conceitual dos fatos apresentado nas ciências sociais das exposições de idéias, como na política social. Assim, questiona os colaboradores do Arquivo, dizendo sobre sua pretensão completamente científica, pois nela somente caberão os tratamentos das leis. Com isso, entra-se no discurso da imparcialidade científica na hora do julgamento, porém, desde já fica registrada a perspectiva de Weber sobre as “tendências” criadas na hora das seleções, já que fazemos parte desse mundo social.
Outro ponto importante da analise de Weber gira em torno da verdade objetiva que a área das ciências sociais pretende chegar, assim, os discursos do sociólogo será em pró da analise da “objetividade” e suas funcionalidades. Diante disso, a objetividade está condicionada pela orientação de nosso interesse de conhecimento e essa orientação define-se em conformidade com o significado cultural que atribuímos ao evento. Portanto, o significado próprio pode conter fatos que leve a ser pensado como um problema de investigação da ciência social.

Todos os acontecimentos da vida cotidiana quanto os coletivos são, para Weber, economicamente “condicionados”. Com isso, busca-se através dos mais complexos culturais, na intenção de diferenciar seu significado cultural, uma interpretação histórica a partir de um ponto de vista especifico e, com isso, obter o conhecimento histórico completo da cultura.

Nesse sentido que, para Weber, nas ciências da realidade devem-se distinguir duas orientações: uma no sentido da história, da narração daquilo que não acontecerá uma segunda vez, a outra no sentido da ciência social, isto é, da reconstrução conceitual das instituições sociais e do seu funcionamento. Estas duas orientações são complementares. Quando o objeto do conhecimento é a humanidade, é legítimo o interesse pelas características singulares de um indivíduo, de uma época ou de um grupo, tanto quanto pelas leis que comandam o funcionamento e o desenvolvimento das sociedades. Portanto, a ciência, nos moldes de Weber, se define, assim, como um esforço esperado a compreender e a elucidar os valores aos quais os indivíduos aderiram.

Assim, o conceito de “social”, que parece ter um sentido puramente geral, adquire, logo que submetido ao controle, um significado particular e, mesmo que ainda apresenta-se freqüentemente indefinido. Se analisado no caráter geral, constatará a inexistência de nenhum ponto de vista específico a partir do qual poderá auxiliar na compreensão de determinados elementos culturais.

Retomando a idéia da imparcialidade, Weber retorna à idéia de que “não existe nenhuma análise científica totalmente “objetivada” da vida cultural, ou dos fenômenos sociais, que seja independente de determinadas perspectivas especiais e parciais, graças às quais essas manifestações possam ser, explicita ou implicitamente, consciente ou inconsciente, selecionadas, analisadas e organizadas na exposição, enquanto objeto de pesquisa” (Pág, 124). Assim, a ciência que o sociólogo busca é o da ciência da realidade. Procurando entender o que está por volta de nós e no mundo em que estamos situados. Diante disso, o objetivo das ciências sociais envolve a compreensão da relação de sentido da ação humana, ou seja, conhecemos um fenômeno social somente quando o compreendemos como fato carregado de sentido que assinala para outros fatos significativos. Será o sentido responsável pelo forjamento do caráter da ação, quer seja ele político, econômico ou religioso. O objetivo do cientista, então, será o de compreender este processo, descobrindo os nexos causais que dão sentido à ação social em determinado contexto.

Concentrando naquilo que foi abordado até o momento, Weber dirá da razão de ser um estudo objetivo dos acontecimentos cultural, no sentido de que o fim ideal do trabalho científico devera consistir numa redução da realidade empírica a certas leis. Isso se deve:

• Por que os conhecimentos de leis sociais não é um conhecimento do socialmente real, mas unicamente um dos diversos meios auxiliares de que nosso pensamento se serve para esse efeito.

• Por que nenhum conhecimento dos acontecimentos culturais poderá ser concebido senão com base na significação que a realidade da vida, sempre configurada de modo individual, possui para nós em determinadas relações singulares.

By: Guilherme Borges

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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Elogio da Dialética


A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.
Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar:
E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro. Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem
falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o "hoje" nascerá do "jamais".

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Tráfico de drogas em Goiás: existe um crime organizado?


A idéia de que a violência nas grandes cidades se associa ao tráfico e consumo de drogas se disseminou por toda a população como mostram as pesquisas quantitativas e qualitativas. O quadro fica ainda mais completo quando a esta associação vem se juntar um outro componente: os grupos marginais. Os meios de comunicação cuidam, por sua vez, de tornar essa idéia um fato omnibus como diz Bourdieu (2001), quando não contribuem para gerar uma comoção social.

O noticiário recente oferece, sem dúvida, exemplos pródigos dessa associação espúria e, desde já, explicamos que ela é espúria não porque haja relação enviesada, mas pelo seu caráter apriorístico. O primeiro deles foi o assassinato, na cidade de Goiânia, de uma jovem inglesa por um também jovem, mas brasileiro, com requintes de crueldade. A relação com o tráfico e uso de drogas foi imediata. A crueldade passa a ser explicada pelo efeito da droga, ainda que se saiba que isso pode ser usado pela defesa como atenuante. Mais recentemente, dois de maio, duas jovens ligadas a grupos punks foram encontradas mortas com parte do corpo com queimaduras graves, ainda que insuficientes para desencadear os óbitos por si mesmas. Neste último exemplo, observam-se todos os componentes dessa associação entre drogas e violência. São jovens de comportamento desviante, promíscuos e perturbadores da ordem pública. O dado das queimaduras passa a ser explicado pelos rituais de magia negra, que, possivelmente, o grupo praticaria.

Quando perguntamos aos agentes de segurança se o Estado de Goiás estava articulado ao crime organizado, a resposta foi quase sempre negativa. Também eles não ignoram que para que a droga percorra a trajetória que vai da fonte ao consumidor, um outro percurso é estruturado feito de suborno, ocultação, ameaças de morte ou até mesmo o assassinato de pessoas que nele se envolvem.

O que prevalece, portanto, é uma visão unidimensional reduzida ao espetáculo midiático, de difícil reversão seja pelas informações fornecidas pelas delegacias especializadas seja pela pesquisa sociológica. Seria como se cada etapa dessa trajetória oferecesse um obstáculo a ser desvendado, dificultando o estabelecimento de relações explicativas mais coerentes. Aquilo que numa ponta aparece associado (droga e violência), na outra aparece dissociada, ou mais, sugere uma separação abismal. Há, na cidade de Goiânia, uma delegacia especializada em crimes relacionados ao narcotráfico, mas as ações violentas que envolvem os flagrantes são encaminhadas para outras tantas delegacias especializadas. Enfim, o comércio de drogas existe, o consumo existe e a violência associada a um e outro também, mas pouco se sabe da trajetória da droga até o consumidor final.

A droga não cai do céu, cai? Mas ao afirmar-se que o comércio de drogas não está associado ao narcotráfico, ou seja, ao crime organizado, parece sugerir que a droga cai dos céus de Goiás. Uma vez ou outra, os meios de comunicação colocam o Estado de Goiás na rota do narcotráfico, mas como o combate a ele é atribuição da Polícia Federal, a Polícia Civil não apenas o desconhece como não tem qualquer responsabilidade no seu desvendamento e na apuração de informações que levassem a medidas de prevenção.

Há um nível de organização dessa intermediação entre os grandes fornecedores e o mercado consumidor de Goiânia e entorno do Distrito Federal, mas pouco representativo da dimensão que tem o tráfico internacional de entorpecentes. Ainda que haja áreas estigmatizadas como pontos de distribuição e consumo, elas vão se alterando com o crescimento urbano, a modernização urbana ─ que permite mais visibilidade ─ e, até mesmo, certa permissividade por parte da população. Portanto, observa-se também um caráter diluído dessa organização, que vai além das medidas propriamente repressivas.

Esse quadro descritivo sugere também quem seriam os agentes desse comércio e seus alvos preferenciais, destacando-se nos pólos a participação da faixa etária de pessoas jovens de todas as categorias de renda. Certas ocupações também são vistas e até estigmatizadas como associadas ao comércio e ao consumo de drogas, embora não se possa, rigorosamente, estabelecer essa ligação, uma vez que a constatação se ateve às declarações dos indivíduos envolvidos nos flagrantes policiais.

BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão; Rio de Janeiro : J. Zahar, 2001.

By: Guilherme Borges

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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Medo e insegurança nas cidades



A criminalidade e violência urbana têm sido responsáveis por uma das principais preocupações da sociedade brasileira contemporânea, ostentando notoriedade nos debates públicos e nas conversas rotineiras. Diante disso, percebeu-se, pelos resultados da pesquisa “Violência Urbana no Estado de Goiás” da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, a criação de um medo generalizado e exacerbado, marcando a vivência dos mais distintos grupos sociais nas grandes e médias cidades, remodelando as práticas e o modo de vida dos moradores. Tanto as experiências diretas da violência quanto aquelas vividas por parentes, amigos, vizinhos e, até mesmo, aquelas que apenas se ouve falar sem que tenham qualquer relação com as pessoas envolvidas, são contadas e recontadas. São diversas narrativas que sustentam as discussões sobre a criminalidade e o medo de se viver nas cidades. Essas histórias de criminalidade, juntamente com o espetáculo midiático, alimentam o medo dos moradores das cidades e expõem a sua incapacidade de se defender de ocorrências criminais. Dessa maneira, sabe-se que o medo não sugere suas vítimas, ainda que cause comportamentos diferenciados em função de posição social, sexo, local de residência.

Como nas grandes cidades, o medo da violência e da criminalidade nas cidades médias e pequenas aparece cada vez mais como um valor que vem fundamentando e dividindo os espaços urbanos, além de reestruturar as práticas dos seus moradores. Esses efeitos têm provocado seqüelas sociais, culturais e espaciais, por meio da adoção de medidas de segurança nas moradias e, além do mais, mudanças no comportamento dos indivíduos nas ruas, andando sempre em desconfiança em relação às ações de outros.

O sentimento de insegurança e medo é apontado por Bauman (2007) como “o mais sinistro dos demônios” que se aninha nas sociedades contemporâneas. Esses sentimentos nascem da incerteza que, por sua vez, resulta do sentimento de impotência, pois estamos longe das rédeas que controlam a sociedade. Portanto, na mesma expectativa de Bauman (2003), devemos encontrar, ou melhor, construir as ferramentas necessárias para exorcizar “o mais sinistro dos demônios” contemporâneos.

BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
________. Tempos líquidos. Rio de Janeiro; Jorge Zahar Editor, 2007.

By: Guilherme Borges

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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Sua indiferença



Estou rodeada de pessoas, mas me sinto como se estivesse sozinha
Olho para cada rosto e vejo neles um sorriso em seus lábios
Meu corpo esta ali presente, mas a minha alma vagueia para bem longe dali.
Tem horas que pareço estar em off. E fujo de todos com os meus pensamentos

Quando volto a mim tento disfarçar para que ninguém notar
Meus olhos me traem sem remorso,

Mostra a todos a toda a dor que ele carrega.
Não posso mais continuar assim com o coração dilacerado
Partido em sofrimento e saudade.
Não quero e não devo sentir isso solitariamente por um
Amor de mentiras enfeitado de falsidade embrulhado
Com a sua enganação.

Tentei passar por cima da tua frieza mas acabei me afundando
Na sua arrogância
Debati-me, gritei por seu nome e acabei morrendo na sua indiferença.

By: Marylife


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