terça-feira, 13 de outubro de 2009

Medo e insegurança nas cidades



A criminalidade e violência urbana têm sido responsáveis por uma das principais preocupações da sociedade brasileira contemporânea, ostentando notoriedade nos debates públicos e nas conversas rotineiras. Diante disso, percebeu-se, pelos resultados da pesquisa “Violência Urbana no Estado de Goiás” da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, a criação de um medo generalizado e exacerbado, marcando a vivência dos mais distintos grupos sociais nas grandes e médias cidades, remodelando as práticas e o modo de vida dos moradores. Tanto as experiências diretas da violência quanto aquelas vividas por parentes, amigos, vizinhos e, até mesmo, aquelas que apenas se ouve falar sem que tenham qualquer relação com as pessoas envolvidas, são contadas e recontadas. São diversas narrativas que sustentam as discussões sobre a criminalidade e o medo de se viver nas cidades. Essas histórias de criminalidade, juntamente com o espetáculo midiático, alimentam o medo dos moradores das cidades e expõem a sua incapacidade de se defender de ocorrências criminais. Dessa maneira, sabe-se que o medo não sugere suas vítimas, ainda que cause comportamentos diferenciados em função de posição social, sexo, local de residência.

Como nas grandes cidades, o medo da violência e da criminalidade nas cidades médias e pequenas aparece cada vez mais como um valor que vem fundamentando e dividindo os espaços urbanos, além de reestruturar as práticas dos seus moradores. Esses efeitos têm provocado seqüelas sociais, culturais e espaciais, por meio da adoção de medidas de segurança nas moradias e, além do mais, mudanças no comportamento dos indivíduos nas ruas, andando sempre em desconfiança em relação às ações de outros.

O sentimento de insegurança e medo é apontado por Bauman (2007) como “o mais sinistro dos demônios” que se aninha nas sociedades contemporâneas. Esses sentimentos nascem da incerteza que, por sua vez, resulta do sentimento de impotência, pois estamos longe das rédeas que controlam a sociedade. Portanto, na mesma expectativa de Bauman (2003), devemos encontrar, ou melhor, construir as ferramentas necessárias para exorcizar “o mais sinistro dos demônios” contemporâneos.

BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
________. Tempos líquidos. Rio de Janeiro; Jorge Zahar Editor, 2007.

By: Guilherme Borges

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